quarta-feira, 2 de julho de 2014

LITERATA DE JUNHO DE 2014







INFORMATIVO DA AJEB – ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS E ESCRITORAS DO BRASIL – COORDENADORIA SÃO PAULO Ano III nº 6 Junho/2014 Distribuição Interna

Hino da AJEB
                                                  Kina de Oliveira

Do norte ao sul do Brasil
no interlúdio da emoção
Surge o conto, a prosa, o verso
As rimas do coração
A força, a luz da cultura
A chama do interior
se curva no encontro amigo
Nas mãos o ramo do trigo
Na mente, a fértil semente
As escritoras comungam
A lei que enaltece o mundo
a união, o sonho e o amor
A ideia se amplia e cresce
Nos encontros da poesia
A ficção e o romance
Adornam a fantasia
O vigor desvenda a vida
As jornalistas unidas
É bandeira refletida
Na conquista do saber
Divulgando sem temor
A luz do conhecimento
O manancial das ideias
Que nutre a lida e o teor
No direito, a liberdade
no labor, a inspiração
No universo a essência
O despertar da consciência
A crença, a fé e a razão
Abarcam o brilho da vida
No celeiro das letras, a busca
O baluarte da realização!
No desafio do trabalho
A pesquisa, e no atalho
O critério da imagem
Ao somar força e energia
É no doar e receber
Que a intuitiva linguagem
Nutre o calor da mensagem
mais profunda da emoção
O espírito revela o sonho
Nos limites da paixão
Como a flor exala o perfume
E como o fruto o sabor
As escritoras da AJEB
Unidas na comunhão
Sem fronteiras construindo
Um mundo em transição
Fortalecendo as mudanças
Desvendando, descobrindo
Caminhando passo a passo
Na alquimia estreita o laço

Crônica
Minha cidade é bela
Marilina Baccarat de Almeida Leão

Minha cidade está sempre ensolarada. Lá, as árvores são verdejantes, os rios são cristalinos e, neles, só corre a água, que leva, pela correnteza, a paz e a alegria. Lá, brinca-se de roda e em volta da fogueira, nas noites de São João, lembrando a infância. Na minha cidade, as casas são coloridas e todas têm seu quintal... As roupas, que se vestem na minha cidade, são roupas alegres e as pessoas sorriem... Minha cidade se veste de verde esmeralda, para lembrar a esperança, plantada desde os vales até a beira da ribeira... Lá, há muitos pés de frutas, jabuticabeiras, pitangueiras, mangueiras... A minha cidade é amarela, azul, encarnada, ela é rosada e alaranjada... Na minha cidade, todo dia é dia de festa, lá, as pessoas se amam, sem interesses escusos, sem olhares de esguelha, desinteressadamente, ingenuamente, com a sensatez das crianças... Amam-se por puro amar, sem máscaras, sem sentimentos ruins... Lá, as pessoas são descaradamente felizes e inoportunas, descabidas como só as crianças sabem ser. Na minha cidade, não há portas nem janelas para quem chegar, ir chegando, ir entrando, sem cerimônia, sem precisar pedir licença. Lá, todos os braços são abertos e as mãos dadas numa imensa ciranda, que atravessa as ruas, as casas ajardinadas, que abarca, além dos limites das fronteiras imaginárias de todos os que passam por lá... Na minha cidade, há tudo da natureza, pois, até bichos ela tem, principalmente pássaros para nos alegrar com seus trinados... Minha cidade não tem guerras ou armas. Palavras ou desculpas não são necessárias. Basta um querer, um olhar e todos são amáveis e amorosos, ofertam amor, sem esperar nada em troca. Minha cidade não é de sonho, nem, tão pouco, imaginária... Ela é real! É a cidade onde se vive, mora, se emociona, ri e chora... Vibra e se entristece, ama e acalenta... Algumas vezes, odeia e ruge, mas, abraça e agrega toda a minha humanidade. Minha cidade existe e fica logo ali, à vista de todos, é só olhar bem e saber enxergar com os olhos de ver, pois ela é perfeita, como uma arte pura e singela... Na sua imperfeição, ela fica logo ali, ao alcance de um abraço... Minha cidade é bela, fica ali, no país do meu coração...


EDITORIAL
Discurso da Presidente Nacional da AJEB, Daisy Buazar, em cerimônia
realizada no dia 27 de maio de 2014, no Espaço Scortecci

É uma honra presidir por mais um biênio esta Associação da qual me orgulho em pertencer. Há quarenta e quatro anos a chama da AJEB foi acesa no Estado do Paraná, e de lá se difundiu para outros Estados do Brasil – Rio Grande do Norte, Pará, Ceará, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo. Hoje, digo com satisfação, que ela brilha também na Europa, pois uma luz foi acesa em Genebra, Suíça. Que essa chama permaneça acesa e continue a brilhar, atraindo mulheres escritoras e jornalistas para um ideal de confraternização, de intercambio de idéias, de projeção da escrita feminina brasileira, cujo talento é indiscutível. Creio que algumas dessas metas foram atingidas nesses últimos dois anos. É inegável a projeção que a AJEB alcançou, especialmente por meio de sua página no Facebook, onde foram postadas as atividades das diversas Coordenadorias da AJEB, e pela visualização delas é que escritoras, residentes em outros Estados, se interessaram em se afiliar à nossa associação. Com a edição da nossa Antologia Letras Encantadas, pudemos constatar a confiança em nosso trabalho, pela adesão de ajebianas e colaboradores dos Estados do Ceará, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. Organizada pela Coordenadoria São Paulo, a Antologia foi editada pelo Grupo Editorial Scortecci, teve lançamento na Livraria da Vila Pátio Higienópolis, e foi divulgada no Salão do Livro em Genebra deste ano, projeto abraçado pela ajebiana Jacqueline Aisenman. Sem pretender me alongar, afirmo, sem medo de errar, que ainda há muito a ser feito. Contudo, estamos dispostas a enfrentar com determinação os novos desafios que virão. Entre os eventos programados, está a comemoração em grande estilo dos 45 anos de existência da AJEB, em 2015. Nosso ideal é fortalecer os laços de amor à escrita literária que unem todas as ajebianas, do Norte ao Sul do Brasil, e quem sabe, ajebianas em potencial espalhadas em todos os cantos do mundo. Estarei sempre à disposição de todas as associadas, bem como de eventuais interessadas, para poder fortalecer a cada dia mais essa bem intencionada luta, com toda a minha dedicação e carinho. Muito obrigada.

Discurso lido por Ana Maria Guimarães, em nome das ajebianas paulistas

É com muita alegria que, hoje, 27 de maio de 2014, estamos aqui reunidas para homenagear a escritora Daisy Buazar pela reeleição na presidência nacional da AJEB, biênio 2014/2015, por seus méritos e dedicação na condução dos objetivos da nossa Associação. A AJEB – Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, fundada em 8 de abril de 1970, em Curitiba, PR, vem se mantendo pela garra e determinação de ajebianas aguerridas que, sem esmorecer, continuam na busca de engrandecer a escrita, a leitura e a literatura de mulheres escritoras. Assim, queremos agradecer à Daisy Buazar pela disposição de continuar à frente da AJEB, em um trabalho em que repartimos conhecimento e ideias, mas também muita alegria no convívio com mulheres de atividades diversas, que se unem pelo fio condutor comum da difusão da literatura. Reconhecemos e aplaudimos a presidente reeleita que se empenha em não deixar apagar a chama que vibra nos corações das ajebianas de São Paulo, bem como no coração das ajebianas de outros Estados, em que as Coordenadorias também se esmeram para o engrandecimento da nossa Associação. Temos de lembrar e agradecer também às ajebianas presidentes, antecessoras, que ladrilharam o caminho nesses 40 anos, para que aqui estejamos nós festejando sua continuidade. Em especial, queremos deixar consignado nosso carinho e admiração à escritora e poeta Kina de Oliveira, presidente honorária da Coordenadoria São Paulo, pelo seu histórico de vida e talento profissional. Tem sido nosso alento. Finalizando, mais uma vez queremos parabenizar Daisy Buazar pela reeleição e desejar que continuemos fortes e unidas em prol da expansão da literatura, dando oportunidade a muitas escritoras que, na AJEB, encontram espaço para expor suas ideias em contos, observações em crônicas e muitos sonhos em poesia, além de participar de Bienais, eventos, saraus, lançamentos de livro etc., neste nosso mundo necessitado de mais inspiração e encanto para que a vida siga mais leve e feliz.
Muito êxito nessa nova gestão é o desejo de todas as associadas de São Paulo.
Parabéns para a escritora Daisy Buazar.
Muito obrigada.



Ninguém morre em silêncio
                                                                         Jacqueline Aisenman

Ninguém morre em silêncio. Mesmo aqueles que tentam o subterfúgio involuntário do anonimato. Atrás de cada porta o coração cessando de bater deixa ciente o cérebro. E este último, mesmo sem voz, guarda consigo as lembranças. E nenhuma lembrança é calada. A morte quando chega, chega aos gritos... mesmo quando chega aos poucos. Ela assusta, amedronta ao ponto de pensarmos que é possível nos acostumarmos com a ideia de conviver com ela. Engano! Sua chegada, breve! e sua partida levando alguém, leve!, quanto nos faz sofrer. Caímos no lugar-comum, nas palavras e nos sentimentos repetidos ao longo de nossa vida e todas as vidas que estão ao nosso redor. É impossível subtrair-se à dor. Ainda mais sabendo que dor nenhuma traz consigo tempo de validade, não avisa e não se tem a menor ideia de quando vai acabar. Choramos com ela e por ela. Choramos por quem parte e por nós mesmos, ah!, muito mais por nós mesmos que ficamos de maneira egoística repisando todos os solos pisados em comum e negando liberdade a ambas as partes. Ninguém morre em silêncio. E em silêncio não fica nenhuma vida ao redor. A antecedência, em fatos assim, é inexistente. Pouco importa se trombetas de longas moléstias já a anunciavam, ou se a surpresa quis ser o que nunca seria. Só quem vive, e quando vive, sabe em que terreno está. Só quem morre, e quando morre, sabe para que terreno vai.



Conto

Jurema
                                                  Izabel Hesne Marum

Onze e trinta da noite.
Três tiros soam acordando os que dormiam na pequena vila de pescadores Pântano do Sul.
Milton, sem dizer uma palavra, corre ao encontro de sua esposa Jurema.
Clidão, se atira da janela do bangalô, se escondendo na montanha que beira o mar.
A noite era escura como breu. Não se via sequer uma estrela, onde as noites de verão, tinham os mais belos quadros pintados pela natureza.
Com um gemido dentro do peito e sem mais nada para querer na vida, Milton se atira logo atrás de seu algoz.
O corpo de Jurema jazia em uma poça de sangue, quando chega, correndo, Dona Mariquinha, que, já havia previsto, há muito tempo, o que iria acontecer.
Falando bem baixinho no ouvido da moribunda, disse:
– Jurema, Jurema... Eu bem que te disse, "Por um amor bem traído tem que ser feito com alguém bem sabido."
Mariquinha ouvia o som das ondas, quebrando perto da janela do bangalô e olhando para o céu gritou:- Seu Milton, seu Milton, Jurema tá viva; Jurema tá viva...
Volte que ela tá lhe chamando...
Mas...durante vários dias e noites os pescadores procuraram por eles.
Até hoje, o que se sabe é o que dizem no povoado: nunca mais encontraram os corpos do amante fujão e do marido traído.
O bangalô foi fechado. E dizem que, quando alguém se aproxima, ouve-se um gemido estranho, parecido com duas almas chamando... – Jurema, Jurema, Jurema...

CANTO POÉTICO
O sorriso dele
                                            Angela Tudisco
Quando vi o seu sorriso,
impossível que eu resistisse
E em meio a tal paraíso,
afirmo sem qualquer pudor
que eu não saberia o que é o amor
se você não existisse
Que o sol não brilharia tanto
se o seu riso eu não visse
Esse mesmo - tímido, de canto...
E que com esse sorriso lindo,
meu desejo é te ver sorrindo
quando a manhã se colorisse
E assim, vítima do cupido,
se sua voz eu não ouvisse,
até o céu perderia o sentido.
Porque seu sorriso é a minha tela
e a vida não seria tão bela
se você não sorrisse!

Mulher flora
                                   Geni Prado
Orvalho, cabelo
Tronco, coração
Galhos, braços
Folhas, maõs
Mito?
Utopia míope?
Surdo grito
Explode:
Humanidade
Sem identidade
Clama:
Felicidade
Espinhos, unhas
Pés, raízes
Saudade, chuva
Vida, melodia
Mulher árvore
Similaridade...
Tempestade
Folhas em prece
Humanidade
Com identidade
Luta, busca
A verdade

Solitude
                          Sara Abud
Agora eu sei!!!
Ficar só comigo mesma!!!
Reencontrar-me...
E, não dilacerar-me...
Ouvir os sons e receptá-los!!!
Sentir a brisa e deliciar-me!!!
Cultivar as sementes do ALTO...
Harmonizá-las e aguardar germiná-las...
Ser feliz, sem desencanto!!!
Não sentir solidão!
Olhar o céu e perceber encantamento...
Solitude e não ter solidão!!!
É não vergar em prantos!
É ser feliz plenamente...
É ser resiliente em todos os momentos...

O canto das aves
                                                           Jacqueline Aisenman
As aves cantam
onde eu não escuto mais.
Ou é o tempo
Ou foi o tempo
Ou seria o tempo
Mas as aves cantam,
eu sei que elas cantam,
só não as ouço mais.


NOTICIAS

 A AJEB esteve representada em vários eventos culturais: inauguração do Espaço Scortecci e lançamento do livro de poesias A maçã que guardo na boca, de João Scortecci; aniversário da REBRA – Rede de Escritoras Brasileiras; lançamentos dos livros das escritoras Ana Maria Marcondes, Maria Helena M. Vecchi e Joyce Cavalcante, e das Antologias Incertezas e suas fragilidades, do Grupo Editorial Scortecci, e Lindas LendasBrasileiras, da Rebra.

 Em abril, Daisy Buazar, reeleita Presidente Nacional da AJEB, tomou posse em evento realizado no Espaço Scortecci, ao qual compareceram as ajebianas paulistas, colaboradores e amigos.

 No dia 8 de abril, Maria Odila Menezes, recém-eleita Coordenadora da AJEB/RS, postou na rede social Facebook: “No dia 8 de abril de 1970, na cidade de Curitiba, despontava a AJEB (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil), fundada pela escritora curitibana Hellê Vellozo Fernandes.
"Parabéns, AJEB de todo o Brasil! És perene no pensamento, na palavra e principalmente na capacidade e dinamismo das mulheres fautoras da tua brilhante história."

 No Ceará , Maria Nirvanda Medeiros foi reeleita para mais um mandato na Coordenadoria da AJEB/CE.


EVENTOS LITERÁRIOS

 A AJEB esteve representada em vários eventos culturais: inauguração do Espaço Scortecci e lançamento do livro de poesias A maçã que guardo na boca, de João Scortecci; aniversário da REBRA – Rede de Escritoras Brasileiras; lançamentos dos livros das escritoras Ana Maria Marcondes, Maria Helena M. Vecchi e Joyce Cavalcante, e das Antologias Incertezas e suas fragilidades, do Grupo Editorial Scortecci, e Lindas LendasBrasileiras, da Rebra.


Daisy Buazar recebe Certificado de Excelência Literária das mãos de Joyce Cavalccante, Presidente da Rebra




Daisy Buazar, Presidente da AJEB, ladeada pelas ajebianas paulistas e pelo Diretor Presidente do Grupo Editorial Scortecci, João Scorteccci, no evento de sua posse.







Literata 4  EXPEDIENTE
Literata é uma publicação da AJEB – Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil / Coordenadoria São Paulo  Rua Francisco Leitão, 235 cj. 52 – CEP 05414-020 – SP/SP  Tel: (11) 3063-1487  E-mail: daisy.buazar@gmail.com  http://ajebsp-blogger.blogspot.com  http://www.facebook.com/#!AjebAssociacaoDeJornalistasEEscritorasDoBrasil  Presidente Honorária: Joaquina (Kina) de Oliveira  Presidente: Daisy Buazar  Jornalista Responsável: Joaquina F. de Oliveira – Mtb 1904  Coordenação editorial: Daisy Buazar  Revisão: Leontina C. Jacubcionis  Diagramação: Manoela Dourado  Arte: Maria Helena Buazar  Impressão: Gráfica Scortecci  www.graficascortecci.com.br  Os textos assinados são de responsabilidades de seus autores  A AJEB gostaria de ouvir sua opinião e suas sugestões. Participe!







Um comentário:

  1. Parabéns à AJEB por mais esse número de LITERATA. Sempre com muita matéria interessante. Louvores ao Hino da AJEB, de autoria de Kina de Oliveira.

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